quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Seiva Bruta

Incomoda saber o passado não passado.
Verifico um aumento, um acúmulo de tristeza.
Me incomodo.
Precisei todo o dia sobrevoar passageiramente aquela esquina.
Levar comigo, no meio daquele livro, uma folha viva,
oliva-verde-seiva-bruta.
Qual era a cor do teu vulto?
Qual perfume em tua melodia?
Desci a rua, lentos passos,
melancólicos passos,
incômodos sapatos.
A noite crescia negra toda breu.
Sem lua. Céu fechado. Olhos cerrados?
Passavam ônibus,
mas nenhum podia me levar.
Passageira sem rumo,
não sei a distância, o caminho,
a velocidade, o destino,
o quanto falta pra chegar.
O quanto falta...
Falta você.
Falta teu vulto apagar sem retorno.
Falta o teu corpo voltar a ver.

Um comentário:

Juan Moravagine Carneiro disse...

O passado ainda nos persegue banhando nossos dias e alimentando nossos sonhos!