Vem, tempestade, vai
cega o meu olhar,
trai a minha boca, vai,
me deixa rouca e rota, vai,
entorta a minha rota, vai,
trava os meus ais,
não quero mais sofrer
aquele amor que veio
que não volta mais, vem,
foi pro nunca mais, vem,
vai, tempestade, vem,
apaga o meu trajeto, vai,
apaga o sol pra sempre, vai,
traz um sono do além, vem,
pra nunca mais não quero, vem,
desejar jamais, vem,
arranca a minha pele, vai,
a mesma que amou demais, vai,
aquele amor que veio, vem,
que não volta mais, vem,
raspa o meu cabelo, vai,
o mesmo que roçou, vai,
aquele amor apaixonado, vem,
destrói as minhas lembranças, vem,
não deixa nunca mais, vem,
aquela face me olhar, vem,
me enxergar no espelho, vai,
daquele amor que sai, vem,
dos poros todos, vem, vai,
me deixa nua pra ninguém, vai,
eu não suporto mais me render, vai,
a essas águas infernais, sai,
volta, quero você muito mais, sai,
volta qu'eu só escrevo sempre, sai,
palavras terminias, volta, vai,
vai, volta, vai,
vem, pra sempre, vai,
vem, vai pra nunca mais, vem,
eu só quero te ter, vem,
nas minhas lembranças, fora,
fora essa bobagem, sai,
de não querer te desejar, fora,
toda essa mentira, fora,
saia dos meus sonhos, saia,
vem bem perto, vai,
vem mais perto, vai,
me abraça pra sempre, vai,
vem eu quero, vai,
vem pra ficar junto, vem,
nesse apaixonado amor, vem,
que sinto por você demais, vem,
sei que você sente tanto, vem
tanto quanto eu, vem,
mais certo que nascer e morrer
é se apaixonar.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Devaneio
Mas, sabe,
quando a canção implora pela minha voz,
eu a canto outra.
Aquela que se encontra ao te ver ressonar
e aquela que te encontra sem você estar.
Pelo lado de fora dos vitrais,
são outras as cores,
mais obscuras as fantasias,
originadas todas através da luz da tarde
que deita sobre ti.
E eu me esforço pra não jogar fora a face do cansaço...
...como ouso te escrever? como ouso te amar...
Mas, sabe, quando?...
a sensação de poder atravessar os mares
só pra poder te ver...quando?...
a impressão de planar sem mexer um dedo e,
no pouso, ver somente a tua mão a me acenar.
Tarde. A tarde já tarda o adeus.
Outra, a visão já não me espera em meu olhar.
Valéria Diniz
quando a canção implora pela minha voz,
eu a canto outra.
Aquela que se encontra ao te ver ressonar
e aquela que te encontra sem você estar.
Pelo lado de fora dos vitrais,
são outras as cores,
mais obscuras as fantasias,
originadas todas através da luz da tarde
que deita sobre ti.
E eu me esforço pra não jogar fora a face do cansaço...
...como ouso te escrever? como ouso te amar...
Mas, sabe, quando?...
a sensação de poder atravessar os mares
só pra poder te ver...quando?...
a impressão de planar sem mexer um dedo e,
no pouso, ver somente a tua mão a me acenar.
Tarde. A tarde já tarda o adeus.
Outra, a visão já não me espera em meu olhar.
Valéria Diniz
sábado, 13 de setembro de 2008
Medo
Das intensidades tenho medo.
Dos sabores, dos odores, dos perfumes,
dos tremores do horizonte.
Respeito tudo.
Das intensidades tenho medo.
Dos desejos de te ver,
das vastas planícies do teu ser,
dos sonoros suspiros teus.
Respeito a esmo.
Das intensidades tenho medo.
Das quantidades de vezes em que te quis,
das qualidades das vezes em que te quis,
das todas idades de lembrar.
Tenho medo.
Váléria Diniz
Dos sabores, dos odores, dos perfumes,
dos tremores do horizonte.
Respeito tudo.
Das intensidades tenho medo.
Dos desejos de te ver,
das vastas planícies do teu ser,
dos sonoros suspiros teus.
Respeito a esmo.
Das intensidades tenho medo.
Das quantidades de vezes em que te quis,
das qualidades das vezes em que te quis,
das todas idades de lembrar.
Tenho medo.
Váléria Diniz
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Seiva Bruta
Incomoda saber o passado não passado.
Verifico um aumento, um acúmulo de tristeza.
Me incomodo.
Precisei todo o dia sobrevoar passageiramente aquela esquina.
Levar comigo, no meio daquele livro, uma folha viva,
oliva-verde-seiva-bruta.
Qual era a cor do teu vulto?
Qual perfume em tua melodia?
Desci a rua, lentos passos,
melancólicos passos,
incômodos sapatos.
A noite crescia negra toda breu.
Sem lua. Céu fechado. Olhos cerrados?
Passavam ônibus,
mas nenhum podia me levar.
Passageira sem rumo,
não sei a distância, o caminho,
a velocidade, o destino,
o quanto falta pra chegar.
O quanto falta...
Falta você.
Falta teu vulto apagar sem retorno.
Falta o teu corpo voltar a ver.
Verifico um aumento, um acúmulo de tristeza.
Me incomodo.
Precisei todo o dia sobrevoar passageiramente aquela esquina.
Levar comigo, no meio daquele livro, uma folha viva,
oliva-verde-seiva-bruta.
Qual era a cor do teu vulto?
Qual perfume em tua melodia?
Desci a rua, lentos passos,
melancólicos passos,
incômodos sapatos.
A noite crescia negra toda breu.
Sem lua. Céu fechado. Olhos cerrados?
Passavam ônibus,
mas nenhum podia me levar.
Passageira sem rumo,
não sei a distância, o caminho,
a velocidade, o destino,
o quanto falta pra chegar.
O quanto falta...
Falta você.
Falta teu vulto apagar sem retorno.
Falta o teu corpo voltar a ver.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
O Meu Carnaval
Vou fantasiar-me de inverno neste carnaval. Tons pastéis e escuros. Beges, pretos e cinzas. Mas, em meu rosto, a purpurina prateada brilhará em homenagem à felicidade que os meus passos dançados irão me dar.
Vou gelar tua vontade de me ver chorar. Vou extirpar o orgulho da tua fala e fazer desabar toda tua certeza e teu tolo poder. Sua fantasia de querer prever amarguras será totalmente colocada de lado, estraçalhada. Em todos os quesitos eu serei nota dez. E você, vai, te dou sete e meio, já que ainda te quero.
Vou te convidar pra escutar o meu samba e quero ouvir teus palpites. Mas, por favor, sem invejas, vamos dar uma trégua em nosso cabo-de-guerra...quero ver se você vai agüentar sair sambando comigo na avenida. Podem nos ver, podem nos julgar.
Se você topar, eu te levo. Se você quiser, eu te quero bem demais.
Valéria Diniz
Vou gelar tua vontade de me ver chorar. Vou extirpar o orgulho da tua fala e fazer desabar toda tua certeza e teu tolo poder. Sua fantasia de querer prever amarguras será totalmente colocada de lado, estraçalhada. Em todos os quesitos eu serei nota dez. E você, vai, te dou sete e meio, já que ainda te quero.
Vou te convidar pra escutar o meu samba e quero ouvir teus palpites. Mas, por favor, sem invejas, vamos dar uma trégua em nosso cabo-de-guerra...quero ver se você vai agüentar sair sambando comigo na avenida. Podem nos ver, podem nos julgar.
Se você topar, eu te levo. Se você quiser, eu te quero bem demais.
Valéria Diniz
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Eu tô longe
E tão perto
Você me avista
E não me enxerga
Me ouve
E não me escuta
Se aproxima
E vai embora
Me procura
E não me encontra
E eu aqui espero
Até quando?
Até quando quebrar a campainha
Até quando soar o apito final do juiz
Até quando esfriar o café
E o milho não mais estourar
Até quando o cigarro acabar
Até quando a Terra encobrir a Lua mais uma vez
Até quando?
Até quando os todos e os tantos quandos da vida
Quem sabe?
Valéria Diniz
E tão perto
Você me avista
E não me enxerga
Me ouve
E não me escuta
Se aproxima
E vai embora
Me procura
E não me encontra
E eu aqui espero
Até quando?
Até quando quebrar a campainha
Até quando soar o apito final do juiz
Até quando esfriar o café
E o milho não mais estourar
Até quando o cigarro acabar
Até quando a Terra encobrir a Lua mais uma vez
Até quando?
Até quando os todos e os tantos quandos da vida
Quem sabe?
Valéria Diniz
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Buraco Negro
Cheguei a pensar
Sobre você - nada.
Cheguei a viver
Por você - nunca.
Cheguei a sofrer
Por amor - jamais.
Cheguei a amar ninguém.
Não estive viva.
Anos desacordada.
Não sei o que era de mim.
De mim não podia nem falar.
Cheguei a escrever
Sobre você - pouco.
Cheguei a realizar
Com você - o quê?
Cheguei a rezar
Pra nós - quando?
Cheguei a amar ninguém.
Valéria Diniz
Sobre você - nada.
Cheguei a viver
Por você - nunca.
Cheguei a sofrer
Por amor - jamais.
Cheguei a amar ninguém.
Não estive viva.
Anos desacordada.
Não sei o que era de mim.
De mim não podia nem falar.
Cheguei a escrever
Sobre você - pouco.
Cheguei a realizar
Com você - o quê?
Cheguei a rezar
Pra nós - quando?
Cheguei a amar ninguém.
Valéria Diniz
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