sábado, 26 de julho de 2008

O Moço e o Menino

O moço não entende,
moço demais pra entender.
Fala seriamente, escreve anotações,
por ser só um menino é tão sério o moço.
Deseja ser homem,
entendo o moço,
carinho tenho por ele.
Deixo-o sentir-se superior.
Deixo-o acreditar em suas teorias todas,
tão dissecadas, cadavéricas, inócuas,
modo curioso de dizer "sou sábio".
Olho o moço menino,
concordo em tudo com ele,
assim não sente tristeza,
assim não abre um berreiro.
Tento vê-lo como o homem que ainda não é,
moço demais para ser.
Intimamente, o moço sabe quase nada deter.
Tem a voz baixa, não suporta meu olhar.
Como me convencer?
Como me fazer acreditar em sua sabedoria?
Pensa conseguir por falar muito,
mas só atravessa minhas palavras
e não vê o momento de despedir-se de mim.
Sabe ser enxergado,
sabe do seu rosto quase imberbe,
de seu desengonçado corpo,
de seu descomposto rosto por trás dos óculos
para parecer menos menino ainda.
Eu o distraio e vou-me embora dizendo obrigada, Doutor.
Ele necessita ser títulos.
Pena. Só queria o menino.

Um comentário:

Antonio Gomes disse...

Esse esta divertido, consigo imaginar o tal menino pretendendo, mas sei lá...ainda tem algo do escritor que pretende tanto ou mais que o tal?

Veja, já tomei umas tantas cervejas, vou falando o que sinto ou percebo...bj